Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Sempre...
Sempre que pareço talhado para uma nova paixão, apareces tu, como uma folha de papel reciclado, de novo em mim, num cruzar de olhos que tento abandonar, mas que sinto ser difícil. Sinto que me passeias no olhar, porque na epiderme da noite os sentidos são mais voláteis.
Consulto os ponteiros do meu tempo e encurto o passo para que não esperem por mim. Olho sobre o ombro na esperança de que ainda aí estejas, transeunte apaixonado, ou talvez não.
Mas tu já te perdeste uns passos atrás, não me acompanhaste, talvez porque ninguém te espera.
Agarro-me ao silêncio de um quarto de hotel onde cai a noite.
No silêncio abrigo-me das palavras rasgadas nas paredes de outros quartos, ergo-me numa sombra sinuosa que te desenha em cada suspiro que sou.