Porque sabes que eu estou aqui. Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Segunda-feira, 28 de Fevereiro de 2005
Vergílio Ferreira - Pensar
Nós temos em nós, como um bloco de mármore para o escultor, uma infinidade de modos de ser. E vamo-los sendo na aprendizagem da vida e nos mil acidentes desse aprender. Mas sobretudo nas mil ideias que os outros semeiam em nós para irmos sabendo coisas e ter o gosto desse saber. Porque gostamos de saber sem jamais nos perguntarmos a razão desse gostar. É um gosto que se justifica por si próprio, que está aí como as pedras. Mas porque há-de saber-se a morte, que, aliás, nunca se aprende? E a angústia e a inquietação e os chamados problemas de consciência que, aliás, variam conforme as circunstâncias? Porque é que o saber é bom? Temos orgulho em sabermos, mas ninguém nos ensina a razão desse orgulho, a não ser pelo orgulho, mesmo que o resultado seja a doer. Ser homem, enfrentar o risco, ter mão no que nos rodeia e assim. O ignorante, se soubesse o seu não-saber, podia dar também as suas razões, como as dá o que assume a sua ignorância. Mas o mais difícil de aprender é a morte, que é o que devia ser mais fácil por no-la ensinar o quotidiano. E não apenas pelo seu impossível, mas pelo maior desmentido que ela nos inflige à importância do saber. Mas é para se ser importante que a gente sabe. E na morte não se tem já importância nenhuma. Sabê-la para quê?


publicado por SigurHead às 22:39
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Sábado, 26 de Fevereiro de 2005
Miguel Torga - Um Reino Maravilhoso (Trás-os-Montes)
 
Vou falar-lhes dum Reino Maravilhoso. Embora muitas pessoas digam que não, sempre houve e haverá reinos maravilhosos neste mundo. O que é preciso, para os ver, é que os olhos não percam a virgindade original diante da realidade, e o coração, depois, não hesite. Ora, o que pretendo mostrar, meu e de todos os que queiram merecê-lo, não só existe, como é dos mais belos que se possam imaginar. Começa logo porque fica no cimo de Portugal, como os ninhos ficam no cimo das árvores para que a distância os torne mais impossíveis e apetecidos. E quem namora ninhos cá de baixo, se realmente é rapaz e não tem medo das alturas, depois de trepar e atingir a crista do sonho, contempla a própria bem-aventurança.
Vê-se primeiro um mar de pedras. Vagas e vagas sideradas, hirtas e hostis, contidas na sua força desmedida pela mão inexorável dum Deus criador e dominador. Tudo parado e mudo. Apenas se move e se faz ouvir o coração no peito, inquieto, a anunciar o começo duma grande hora. De repente, rasga a crosta do silêncio uma voz de franqueza desembainhada:
- Para cá do Marão, mandam os que cá estão!...
Sente-se um calafrio. A vista alarga-se de ânsia e de assombro. Que penedo falou? Que terror respeitoso se apodera de nós?
Mas de nada vale interrogar o grande oceano megalítico, porque o nume invisível ordena:
- Entre!
A gente entra, e já está no Reino Maravilhoso.
A autoridade emana da força interior que cada qual traz do berço. Dum berço que oficialmente vai de Vila Real a Chaves, de Chaves a Bragança, de Bragança a Miranda, de Miranda a Régua.
Um mundo! Um nunca acabar de terra grossa, fragosa, bravia, que tanto se levanta a pino num ímpeto de subir ao céu, como se afunda nuns abismos de angústia, não se sabe por que telúrica contrição.
Terra-Quente e Terra-Fria. Léguas e léguas de chão raivoso, contorcido, queimado por um sol de fogo ou por um frio de neve. Serras sobrepostas a serras. Montanhas paralelas a montanhas. Nos intervalos, apertados entre os rios de água cristalina, cantantes, a matar a sede de tanta angústia. E de quando em quando, oásis da inquietação que fez tais rugas geológicas, um vale imenso, dum húmus puro, onde a vista descansa da agressão das penedias. Mas novamente o granito protesta. Novamente nos acorda para a força medular de tudo. E são outra vez serras, até perder de vista.
Não se vê por que maneira este solo é capaz de dar pão e vinho. Mas dá. Nas margens de um rio de oiro, crucificado entre o calor do céu que de cima o bebe e a sede do leito que de baixo o seca, erguem-se os muros do milagre. Em íngremes socalcos, varandins que nenhum palácio aveza, crescem as cepas como os manjericos às janelas. No Setembro, os homens deixam as eiras da Terra-Fria e descem, em rogas, a escadaria do lagar de xisto. Cantam, dançam e trabalham. Depois sobem. E daí a pouco há sol engarrafado a embebedar os quatro cantos do mundo.
A terra é a própria generosidade ao natural. Como num paraíso, basta estender a mão.
Bata-se a uma porta, rica ou pobre, e sempre a mesma voz confiada nos responde:
- Entre quem é! Sem ninguém perguntar mais nada, sem ninguém vir à janela espreitar, escancara-se a intimidade duma família inteira. O que é preciso agora é merecer a magnificência da dádiva.
Nos códigos e no catecismo o pecado de orgulho é dos piores. Talvez que os códigos e o catecismo tenham razão. Resta saber se haverá coisa mais bela nesta vida do que o puro dom de se olhar um estranho como se ele fosse um irmão bem-vindo, embora o preço da desilusão seja às vezes uma facada.
Dentro ou fora do seu dólmen (maneira que eu tenho de chamar aos buracos onde vive a maioria) estes homens não têm medo senão da pequenez. Medo de ficarem aquém do estalão por onde, desde que o mundo é mundo, se mede à hora da morte o tamanho de uma criatura.
Acossados pela necessidade e pelo amor da aventura emigram. Metem toda a quimera numa saca de retalhos, e lá vão eles. Os que ficam, cavam a vida inteira. E, quando se cansam, deitam-se no caixão com a serenidade de quem chega honradamente ao fim dum longo e trabalhoso dia.
O nome de Trasmontano, que quer dizer filho de Trás-os-Montes, pois assim se chama o Reino Maravilhoso de que vos falei.


publicado por SigurHead às 17:48
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Quarta-feira, 23 de Fevereiro de 2005
Daniel Sampaio- Vagabundos de nós
Cláudia, disseste-me uma noite que estávamos a caminhar para um fim qualquer e, embora não o manifestasse, julgo que entendi. A solidão era a minha melhor companhia e, mesmo quando estava ao pé de ti, era o silêncio que escrevia palavras no teu rosto.
Compreenderás (se ainda te lembrares de mim, cinco anos passados) como era difícil contar-te o que ia cá dentro, falar do medo que sentia sempre que estava contigo. E, apesar disso, estava certo do meu amor. Desejava que os dias passassem e pudesse acordar de novo com a tua voz no telemóvel, ou então que o fim de tarde chegasse para estarmos um com o outro. E, embora com receio, era o sentir do teu corpo que me tranquilizava e dava esperança de um dia alcançar a paz. (...)
Onde está o momento da separação que continuo a procurar na minha memória, aquele minuto em que decidi partir e deixar-te? Durante muitos anos o procurei sem sucesso. Talvez tenha sido depois da conversa com o teu irmão. Recordas-te decerto, Cláudia.
Em cima da cómoda do teu quarto, ao lado de um pequeno búzio que escolhi para ti na Praia da Aguda, vi uma caixa de preservativos de uma marca desconhecida. Tínhamos tido relações quatro ou cinco vezes, os meus fantasmas só me tinham visitado por minutos, tinha sido bom. Não querias, é lógico, engravidar e, como fumavas, tinhas medo da pílula, por isso ia-me habituando ao preservativo.
Quando vi uma marca diferente pensei logo que andavas com outro e o nosso amor era uma mentira, de certeza que não tinhas prezer comigo porque era gay.
Ou então eu é que andava a fingir para fugir ao meu problema, tu tinhas reparado e fazias de conta, o melhor era teres prazer com outro. (...)
Perdia-me em mim próprio. Um dia pensava que as coisas iam bem entre nós, noutros momentos o medo dominava-me. Pensava na escola, todos iam saber que tínhamos acabado por eu ser maricas, de certeza passariam a gozar comigo como faziam com o Rafael. O melhor era desistir de tudo, acabar com este namoro que só existe para disfarçar, assumir desde já que sou gay e nada mais. (...)
E, quinze dias depois do problema do preservativo, aconteceu o pior. Os teus pais estavam fora de Lisboa e o teu irmão ia dormir num sítio qualquer, a casa finalmente só para nós.
Nada resultou como te lembras. Foi tudo culpa minha, Cláudia. Se ainda recordas, como espero, quero que saibas, não foste responsável por nada. Fui eu que me descontrolei uma vez mais.
Falavam de homossexuais na televisão, a mãe de um deles disse que tinha custado a princípio mas que agora estava tudo bem, afinal era uma questão de opção. Apeteceu-me mudar de canal mas parecias interessada e não quis dar nas vistas, se calhar a senhora tinha razão e o melhor era não disfarçar, dizer que era e talvez pudesse contar com a tua amizade para toda a vida.
Quando começámos a fazer amor no chão da sala, imagens loucas assaltavam-me, apressei-me a olhar para o teu sexo porque, de repente, tive medo de estar a fazer amor com um homem.


publicado por SigurHead às 21:51
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Domingo, 13 de Fevereiro de 2005
Daniel J. Skramesto- Olhos de cão
A noite afasta-se lá fora e no entanto ainda aqui me tem acordado. Sozinho, deitado, penso em ti. Sonho ainda, acordado. O mundo desperta lá fora e a luz aos poucos invade-me o quarto. Penso em ti que não sabes que és amado. Penso em mim que aqui me tenho acordado, cansado. Cansado de mim. O que quero eu de ti? Quero sentir-te, poder tocar-te. Ser dono de um corpo que não é meu. Eis o que eu quero. Aqui está, posto em palavras. Queria tocar-te. Tocar-te para além dos limites do mundo e saber-te. Saber-te todo. O que me impede? Impede-me tudo. Palavras, pessoas. Os putos que havia no liceu, estúpidos. Pais amorfos. Os teus ouvidos surdos... E este meu querer. Este meu desejo de saber, de devorar o mundo. Este meu querer que vai para além de tudo. Porque eu poderia tocar-te, mas ainda assim não seria na consciência. E nem talvez sabendo quem és saberia eu quem sou nem onde, como e de que vivem todas as pessoas. Que sei eu do mundo para além de mim? Quando desvias o olhar, não sei para onde olhas, tal como quem me vê não me vê a mim. Onde estás quando não estás aqui e onde estou eu quando não estou em mim?


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Sexta-feira, 11 de Fevereiro de 2005
...
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Entendemo-nos no masculino...


publicado por SigurHead às 14:22
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Inês Pedrosa- Fazes-me falta
Não basta morrer para conhecer o sorriso de Deus - mesmo que, como foi o meu caso, se tenha vivido abismada nele uma vida inteira. Quando o pior acontecia, aquele sorriso descia às minhas trevas com um soluço de baloiço, um gingar de gonzos arrancado às cordas da infância. Eu sentava-me nele e subia, balouçando até à luz. O pior aconteceu-me cedo, tive sorte. Deus procura primeiro os que sofrem antes do conhecimento específico da dor, talvez porque os outros sabem demasiado para puderem ser salvos. Tu dizias que era o contrário: que Deus nasce da ignorância própria dos sofrimentos prematuros. Mas tu, meu aluno dilecto, cedo te deixaste povoar pelo excesso do saber. Deus não sabia nada do Universo quando o criou. Imagino que se sentiria só. Imagino que num momento impreciso dessa solidão se terá tornado maior do que Ele próprio, estourando numa gigantesca flor de luz. E imagino-O, depois, tentando dar um sentido particular a cada uma das pétalas dessa luz dispersa. Agora que saí do corpo que fui (...) imagino-o melhor ainda, ébrio de luz, lúcido, encandeado por um Lúcifer oculto e criador incrustado no seu próprio ser, em estado de paixão com a história desencadeada pela sua omnipotente solidão. E balouço no Seu sorriso outra vez, a vez definitiva porque o meu corpo está lá em baixo, num caixão, contemplado e lembrado e chorado pela última vez. Não me levantarei da cama amanhã depois de Lhe pedir em surdina que dê um impulso maior ao balouço, que o empurre com força até que os pés me voem para fora do calor aterrado dos lençois. Ninguém vai estar à minha espera, não terei de me disfarçar de desculpas, não voltarei a iludir ou desiludir ninguém. Não voltarei a morrer no corpo do único homem que me abriu no corpo a passagem secreta para a morte. Não voltarei à desilusão do renascimento. Sobretudo não voltarei a desiludir-te a ti, o descrente que me ensinou a crer melhor, o meu pequeno e velho Deus de algibeira, o meu amigo. Despojada de corpo é-me mais fácil transformar-me no próprio balouço, na luz dançante de que ele é feito. Num murmúrio de vento peço-lhe que não me empurre tão depressa por esse lugar iluminado que é a Sua Carne, peço-lhe que me deixe matar saudades desse mundo que deixei tão de repente. Matar saudades de ti. Ou matar-te, como fazem as crianças, para recomeçar uma outra história, no balouço quotidiano do teu sorriso.


publicado por SigurHead às 14:19
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Quinta-feira, 10 de Fevereiro de 2005
José Luís Peixoto- Nenhum olhar
Deixa-me descansar... Deixa-me adormecer sem temer encontrar-te! E o mundo acabou. Inexplicavelmente, ou sem uma explicação que possa ser dita e entendida. O mundo acabou, como num instante em que se fechassem os olhos e não se visse sequer o que se vê com os olhos fechados. (...). O mundo acabou e nem o tempo prosseguiu. Os minutos não passavam porque não existiam, como não existiam os momentos ou os olhares. O infinito era o infinito de não ser nem infinito, nem nada. A morte não existia no meio de todas as coisas mortas. Não existiam os cadáveres. Tinha morrido a memória da morte. (...). O mundo acabou. E não ficou nada. Nem as certezas. Nem as sombras. Nem as cinzas. Nem os gestos. Nem as palavras. Nem o amor. Nem o lume. Nem o céu. Nem os caminhos. Nem o passado. Nem as ideias. Nem o fumo. O mundo acabou. E não ficou nada. Nenhum sorriso. Nenhum pensamento. Nenhuma esperança. Nenhum consolo. Nenhum olhar.


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Terça-feira, 8 de Fevereiro de 2005
Daniel Sampaio- Vagabundos de nós.
Envolvo-me e tenho prazer, fujo da confirmação que acaba de chegar, distancio-me e julgo que foi mais um acidente, um acaso de quem está só carente de amor. Uma semana depois procuro de novo. Um vazio cá dentro faz-me percorrer os lugares do costume e entrego-me uma vez mais. Quero atingir certezas no meu mundo de dúvidas.
Se tenho sexo com homens é porque sou gay. Por que razão não me aceito, por que motivo continuo à procura de algo que não encontro? E, no entanto, cresço a cada momento que passa. Já não sou o menino do jogo de elástico nem do vestido de noiva. Falo contigo, mãe, mas sobretudo converso comigo, dialogo com a parte de mim que durante anos fiz por esquecer. Os charros e o álcool são bons para isso. Põem-me em contacto com uma parte de mim que desconhecia, cá por dentro sinto uma raiva de animal ferido, acordo de manhã com vontade de partir coisas e adormeço cansado por noites de descontrolo e prazeres proibidos. (...)
Nas reuniões do movimento gay que passei a frequentar ouço relatos, bocados de vidas semelhantes à minha, vejo folhetos onde tudo parece simples. ... Um homem mais velho fala em coming-out, ri-se quando traduz por sair do armário, apetece gritar que é melhor deixar tudo escondido, de nada serve afirmar que a homossexualidade não é uma doença mas uma opção, onde esteve a alternativa no meu caso? Os fantasmas que desde criança me visitam todas as noites, as vozes cá dentro que sussurram és maricas desde que o corpo cresceu, as imagens de sexo com homens que preenchem os meus sonhos, tudo o que há tanto tempo me controla, pode ser parte de uma escolha? E, por estranho que pareça, é nestas reuniões de quinta-feira à noite que encontro alguma paz. Finalmente estou entre iguais, é bom ver que não estou só no mundo. Há mais homossexuais do que pensava, se calhar muita gente tem o mesmo problema que eu e apenas disfarça.
Mãe, como sabes tenho vinte e um anos acabados de fazer, passaram mais ou menos três meses depois daquela noite em que te falei do Francisco, tudo está calmo e vejo-te mais feliz. Deixa-me dizer uma coisa: nunca percebi porque criticavas o movimento. Devias ter percebido que me ajudaram a encontrar um caminho, foi naquelas noites de quinta-feira e nalguns fins-de-semana, em reuniões na província, que deixei de me odiar. Sabes, fiz amizade com rapazes angustiados como eu, conheci homens mais velhos de quem me tornei confidente e, acima de tudo, foi lá que conheci quem amo.


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Sábado, 5 de Fevereiro de 2005
Al Berto, in O Anjo Mudo.

 

"Quando o vento se levanta e passa, tua cabeça adormecida põe-se a brilhar. Em redor dela um halo de sombra onde a minha mão entra, vagarosamente, pedindo-te um Sinal.
Procuro o rosto com os dedos afiados pelo desejo. Toco a alba das pálpebras que, de súbito, se abrem para mim. Um fio de luz coalha na saliva do lábio.
Ouvimos o mar, como se tivéssemos encostado a cabeça ao peito um do outro. Mas não há repouso nesta paixão. O dia cresce, sem luz  e os pássaros soltam-se do pólen dos sonhos, embatem contra os nossos corpos.
Nada podemos fazer.
Um risco de passos ensanguentados alastra pelo chão da cidade. A noite cerca-nos, devora-nos. Estamos definitivamente sozinhos.
Começamos, então, a imitar a vida um do outro. E, abraçados, amamo-nos como se fosse a ultima vez...
O tempo sempre esteve aqui, e eu passei por ele quase sempre sozinho.
No entanto, recordo: deixaste-me sobre a pele um rasgão que já não dói. Mas quando a memória da noite consegue trazer-te intacto, fecho os olhos, o corpo e a alma latejam de dor.
Dantes, o olhar seduzia e matava outro olhar. Agora, odeio-te por não me pertenceres mais. Odeio-te. Abro os olhos. Regresso ao meu corpo e odeio-te. E, quem sabe se no meio de tanto ódio não te perdoaria - mas ambos sabemos que o perdão não existe.
Se fugias, perseguia-te. Mas o olhar começava a cegar. Sentia-te, já não te via. E o pior é que o tacto também esqueceu, rapidamente, a sensualidade da pele e o calor do sexo. O rosto aprendido de cor.
Hoje, tudo se sobrepõe. Nomes, rostos, gestos, corpos, lugares... um montão de cinzas que me deixaste como herança.
Não devo perder tempo com o ciúme. A paixão desgastou-me. E nunca houve mais nada na minha vida - paixão ou ódio.
Só isto: se me aparecesses agora, tenho a certeza, matava-te."


publicado por SigurHead às 22:04
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