Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Quarta-feira, 30 de Novembro de 2005
Cidades
Se atenderes o telefone, talvez saibas que é madrugada e que existem cidades e que há beijos a serem dados. Há mãos, nessas cidades, que se tocam. Se atenderes o telefone, talvez saibas que há quem acorde para morrer. Que há ruas onde os corpos se amontoam. Se atenderes, talvez queiras saber porque nunca nos encontrámos. Talvez te lembres de perguntar onde vivo. Se vivo. E eu talvez saiba o teu número de cor. Depois esquecerei tudo, quando nessas cidades a luz se apagar. São altas horas da noite todos dormem excepto eu que penso em ti. O dia nasce, tudo acorda, menos eu que não dormi. As pessoas correm atarefadas e tropeçam nas suas vidas, choram, sofrem e gritam... também eu que penso em ti. Lisboa, Porto, Régua são algumas dessas cidades. Cidades que tanto assistiram entre nós.
Quarta-feira, 23 de Novembro de 2005
Enquanto sentires medo...

Enquanto sentires medo da chuva, todos os pingos serão uma ameaça. E eu? Eu estarei só. Eu serei apenas a vontade de te ter, serei apenas uma poça de água no teu Inverno...
Sábado, 19 de Novembro de 2005
Não foi a pensar em ti...
Hoje tive na minha mão, a palma de outra mão, e não pensei em ti. Vi uns olhos inquietos e arrebatadores, como os teus, e não pensei em ti. Ouvi aquela música e não pensei em ti. Senti o mistério, complexo e dissonante que és tu, e não pensei em ti. Falei de tudo e de nada, não notei o passar do tempo, e não foi a pensar em ti....
Sábado, 5 de Novembro de 2005
Reflexos sonantes
Os dias ditosos chegam reflexos sonantes,
melodias que carregam singulares certezas:
pois a música é o resto de tudo e muito do
resto embrenhado de mãos fechadas
e vento corrente - imperceptível...
e o vento, o vento que é gigante
e tanta música.