Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Domingo, 8 de Agosto de 2004
The Hours
"Vivo numa vida que não me apetece viver. Vives sob a ameaça, dizes tu, sob a ameaça do meu desaparecimento. Mas também eu vivo sob ela.
É esse o meu direito, o direito de qualquer ser humano...quem dera por ti poder ser feliz nesta quietude. Mas se tiver de escolher entre ti e a morte, eu escolho a morte. Não se encontra a paz fugindo a vida.
Tenho a certeza que estou de novo a enlouquecer. E sinto não podermos aguentar mais outra dessas horas terríveis nem que desta vez recuperarei.
Comecei a ouvir vozes e não me consigo concentrar. Portanto vou fazer o que me parece mais razoável.
Proporcionaste-me a maior felicidade que poderia esperar, tu foste sob todos os ângulos, tudo o que alguém pode ser.
Sei que estou a arruinar a tua vida e que sem mim poderias trabalhar. E hás-de trabalhar. Eu sei que sim.
Como vês, nem este bilhete consigo que faça sentido.
O que te quero dizer é que te devo a ti toda a felicidade que tive na vida, foste para comigo duma paciência infinita. E inacreditavelmente bondoso. Esqueci-me de tudo menos da certeza da tua bondade. E não vou continuar a arruinar mais a tua vida.
Não creio que duas pessoas possam alguma vez ter sido mais felizes do que nós fomos.
Olhar a vida de frente, olhá-la sempre de frente, e saber como ela é.
Finalmente sabê-lo. E amá-la pelo que ela é e depois pô-la de lado.
Entre nós sempre os anos. Os anos sempre.
Sempre o amor
Sempre as horas."