Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Há um pássaro que habita em mim, um pássaro que se recusa a voar para a liberdade que lhe permito. Um pássaro que me pune com a presença, que me corroe as vísceras. Ordeno que voe, que me deixe, mas não. Não me obedece, não voa. Continua a ferir-me todos os dias, até que me renda. Mas não me rendo. Sou forte e resisto. Grita e tenta calar-me com asas castradoras de emoções. Sou a presa, ainda que caçador. Busco-me a mim mesmo dentro da ave que me habita. Dou-me a liberdade que não quero, e fujo de mim num voo rasante no mar dos sentimentos.