Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Penso nas voltas da minha vida, nas promessas de eternidade que nunca se cumprem. Penso nas relações que se juram sólidas e ao cair do calendário acabam. Penso na vida que se vai num suspiro. Penso nos dias que me levanto com a alma reduzida e me deito com a sensação de felicidade (ou vice versa). Com o passar do tempo reafirmo-me nas palavras de Heraclito: "nada é eterno, excepto a mudança, assim nunca nos banhamos nas mesmas águas, no mesmo rio". Eu sou eu e as minhas circunstancias e é conforme a elas que eu vou forjando a minha vida. Com a minha forma de ver as coisas, a vida flutua como o rio que falava Heraclito. Flutuam as emoções que vão mudando. Houve um tempo em que sabia que a minha vida ia ser especial, distinta. Ideais, valores superiores, razões para lutar. Hoje vejo-me preso na monotonia, na cor cinza, na existência com uma única razão a de lutar por mim mesmo sem grande firmeza. No fundo vivo longe do mundo submergido na deliciosa melancolia.