Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Foste o que restou de mim naquelas noites apressadas de conversas breves e cadenciadas às quais hoje perdi a conta. Lembro-me porém de ti, do DKNY que foste entranhando em mim. Mais uma madrugada 4:36 está a tremer em mim o desejo como na primeira vez. A existência de um nós em tu e eu. Ilusão que no inicio era mais tua e mais minha no final. Encontrei um corpo, uma mão que me tocava. Hesitação latente dos corpos. Hoje pertenço a um corpo ausente apesar de me ter sido tão familiar. Apesar de tudo gostava de poder voltar e nesse retrocesso poder eternizar aqueles momentos. Dentro do meu ser quebrado ainda sinto o teu toque, teus beijos, teus lábios nos meus lábios. O teu abraço forte o teu corpo no meu corpo. Foi bom e apesar de tudo voltava, não me arrependo deste-me as melhores horas da minha vida. Pena que tudo tenha sido tão fugaz apesar dos abraços, beijos... que foram sentidos. O bilhete de ida, sabiamos da despedida. Sem mais formalizamos o pedido ao funcionário, tiraste do bolso esquerdo dos jeans as moedas que iriam pagar a viagem para longe. Trocamos os olhares num último abraço já não esperado mas sempre desejado. O abraço que ficou por dar o ultimo beijo que nunca foi dado por estarmos naquela estação no meio da multidão tão diferente do espaço do quarto 121. Rectificaste o pedido uma volta para o teu destino. Se eu existisse nele, gostaria de ser apenas um desconhecido que nunca tivesses amado.
Se eu existisse no teu destino gostaria mesmo de nunca ter existido. Assim, a desilusão não seria mais que uma ilusão. E eu adoro a tua inexistência. Se um dia voltasses a existir, não quereria mais que a tua existência.
Foi por ti e contigo que começou este gostar que nunca perdi. É por ti que continuo esta viagem até à próxima estação, mesmo sabendo que não vais lá estar a aguardar-me feliz na chegada.