Porque sabes que eu estou aqui. Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Segunda-feira, 3 de Abril de 2006
Casualidade
              

 

Nelson (pela primeira vez escrevo o teu nome aqui) gostava que não fosses mais que uma mera casualidade e não esta evidencia obvia que ainda hoje me toma. Talvez a excepção que só comprova a regra, tinhas de existir para alem dos encontros, tinhas de continuar a existir para lá daqueles três meses como eu tinha de ser filho dos meus pais, cópia imperfeita da bondade e coração dos dois. Casualidade de um dia me sentar frente a um teclado como este e optar por entrar num chat. Produto de uma existência no local certo à hora certa, ou local errado na hora errada.
Mais uma vez estou a divagar, mais uma vez estou a repetir-me. Mais um texto maçador. Gostava de poder escrever algo mais leve sem esta carga negativa tão forte. A fadiga afecta-me as palavras e não existe dia que não faça outra coisa que não seja recordar-te. Não existem dias, minutos ou segundos que te equivalham. A tua ausência preenche-me a vida. Estou rendido as memórias que me atravessam. Interiormente procuro um pedaço de ti algo que me faça sentir-te pensar o que tens pensado. Sentido. Vivido.
Sinto falta do nosso tempo. Preciso do nosso tempo. Tenho saudades do pouco corpo que o meu corpo foi corpo quando o teu corpo caía sobre o meu e o meu corpo e o teu corpo formavam mais um corpo. Tenho saudades do contacto dos dois corpos que germinavam mais um corpo. Havia contacto, saliva, beijos, tacto; energia que se desfazia no corpo do outro impregnados de amor. Amor amor amor, muito e muito mais amor. Tenho saudades desse corpo, daquele corpo que se formava e que somava cada um dos nossos corpos. Sinto falta de dares o teu corpo para ser acolhido pelo meu corpo e brotar em nós um outro corpo. Tenho saudades desse terceiro corpo, produto de bem mais que a soma dos nossos corpos.
Sinto falta do tempo em que nos separávamos e regressavas a casa comigo no pensamento. Alturas em que passava a tarde sozinho escrevendo, esperando que fosse noite para de novo estar contigo. Para seres comigo. Para ser mais eu. Alturas que hoje nos ferem, por já não sermos as pessoas que éramos quando connosco estávamos.


The Gift - Fácil de entender.mp3

 



publicado por SigurHead às 00:22
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4 comentários:
De alexiaa a 4 de Abril de 2006 às 02:43
É incontrolável o desejo de por vezes "esparramarmos" um nome, de cansarmos o cérebro de forma a que as palavras saiam menos contidas...É incontrolável a espécie de fascínio que tenho por vir aqui ler e hoje apeteceu-me "esparramar" estas palavras que muitas vezes pensei mas nunca me cansei de as conter.


De Leonardo a 4 de Abril de 2006 às 10:14
após semanas a ler os teus posts, os teus muito fortes posts... apetece-me dizer-te para procurares aquilo que sentes falta... se calhar custa mais à primeira imagem... à primeira ideia de o fazer... mas qual o custo de ser feliz? às vezes custa muito... é verdade... mas o proveito pode suplantá-lo astronomicamente.

provavelmente, o custo do medo que muitas vezes nos impede de dar o primeiro passo é infinitamente superior...

:*


De miosotis a 5 de Abril de 2006 às 03:36
Continuas o teu pranto feito de palavras... e eu sei o teu sentir!

Por vezes, a coragem ñ é neste campo dos afectos, o sentimento q nos foge!

Coragem, meu amigo de sentires musicais!

bjs


De Burn a 5 de Abril de 2006 às 17:33
Há uma banda - nacional - que diz:

"Someday, you'll see, details will make all the difference"

Sabes que mais? Há feridas que nunca se curam.

Desculpa o vento gelado que acompanha estas palavras.

Take care.


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