Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
Quinta-feira, 6 de Abril de 2006
Marcado

Vieste desde o cume do país até mim. Chegaste com frescura na voz um toque que deste para o telemóvel, alertando-me que já me esperavas. Estava atrasado.
Esperavas-me, de sorriso aberto. Estupidamente comovidos com a presença do outro era o primeiro encontro.
- Este sou eu.
Tudo que estivesse para além de mim continha uma perfeição que apenas tinha como função mostrar-me a minha imperfeição; a minha falta de aptidão e jeito para primeiros encontros. A intensidade dos meus medos. Os meus medos em relação a ti.
No entanto, neste momento, já não sei quem és ou quem sou.
Quando por vezes caminho sozinho pelas ruas com as mesmas poças de água, que já antes existiam o cheiro do alcatrão molhado e os vidros das paragens embaciados e salpicados pela chuva miudinha de que um dia fugimos. Naquela mesma rua situada na parte de Lisboa que menos gosto. A rua do espaço que alugamos e onde pela primeira vez te tomei nos meus braços e nos perdemos nos corpos. E aproximamo-nos, juntamo-nos: abraço-te. Dás-me um beijo no pescoço, inspiras-me como se o oxigénio te faltasse. Os dois a olharmo-nos. Percorremos tanto para chegar-mos ali.
- Amo-te.
Sorriste e não abriste a boca. Deixaste-me na mão com as minhas palavras simples que ensaiei diferentes, mas saíram como saíram puras, em estado bruto como o meu coração calejado pelos momentos que partilhei. Agonizante experiência com hora de partida marcada e que sempre quis a dois e tu concebeste desde o início como singular e estéril.
- Podias ser tu.
Tudo é perfeito quando recordado. Os pecados esquecidos, o passado não tem impurezas, é imediato, está sempre à mão de um pensamento.
Acho que isto, pieguice ou não, marca qualquer um.
De
miosotis a 8 de Abril de 2006 às 15:40
Pieguice ou ñ... a ninguém diz respeito! O q importa é o teu sentimento!
Bom f-s!
bjs
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