Porque sabes que eu estou aqui.
Porque eu sei que me sabes ler no silêncio.
O mundo pára. E lembro-me de ti como uma faca, uma faca profunda, a lâmina infinita de uma faca espetada infinitamente em mim. Não passou muito tempo desde que a manhã nasceu. Passou muito tempo desde que me deixaste sozinho entre as sombras que se confundiam com a noite. Noutras noites, olhámos para a lua. Nesta noite, não olhámos para a lua. Noutras noites, olhámos para a lua e enchemo-nos de desejos. Nesta noite, não olhámos para a lua e sofremos. Noutras noites, olhámos para a lua e não sabíamos o que era sofrer. Escuridão e esperança. Na lua, víamos mais do que o reflexo daquilo que queríamos inventar: os nossos sonhos. Víamos um futuro que era maior do que os nossos sonhos e que nos envolvia e que nos puxava para dentro de si. Nós sabíamos que nos esperava algo muito maior do que aquilo com que podíamos sonhar. Estávamos enganados. Aqui, sobre estas pedras que brilham, sob estas lágrimas no meu rosto, sei que nos enganámos e sei a lâmina infinita de uma faca.
José Luís Peixoto
De
miosotis a 27 de Abril de 2006 às 00:34
Tb gostas de José Luìs Peixoto!!
Um dos meus escritores 'sentidos'...
Sou 'má conselheira' na dores de afectos :(
bjs de bnoite!
De
alexiaa a 28 de Abril de 2006 às 21:38
Também não sou boa conselheira mas se o teu sentir for como o transmites, não ha conselho que suavize a dor!
Bom fim de semana!
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