O começo da viagem que nos iria levar para longe. Nunca te disse mas na viagem para o Porto olhando nos teus olhos enquanto ias escutando musica no teu leitor riscado de outras viagens e com o olhar fixo num ponto qualquer eu vi nos teus olhos que não existias só tu e eu. Nesse momento foi como profanar-te haviam outros rostos que se fundiam em nós e nos dias que partilhávamos. Tínhamos duas vidas para lá dos nossos encontros. Tínhamos outros. Mas comigo era diferente. Lembras-te quando dizias que comigo era diferente? Gostava tanto que me tivesses mostrado o Porto como querias. Mas não houve tempo desta vez era eu que tinha o bilhete de ida. Hoje ainda é uma cidade que conheço mal. Apesar de ter raízes no norte a minha vida foi sempre mais a sul. Um ultimo café a chuva, sempre a chuva presente enquanto estivemos presentes. Nos teus olhos uma lágrima contida que também existia nos meus com um trago que tentava soltar-se. Mais uma vez despedimo-nos num olhar voltas-te as costas entrei no comboio e nunca mais iria voltar a ver-te, nunca mais. Desconhecia essa realidade. Nunca cheguei a ver o piercing que me disseste que tinhas colocado na sobrancelha. Viagem para Lisboa sentia-me estranho a caminho de casa. Eu era feliz e eras tu quem me dava essa felicidade. Que futuro?! Estava escrito que não iríamos voltar. Os motivos para não haver um novo regresso ainda hoje se amontoam na minha cabeça.